domingo, 21 de junho de 2015

O mundo não gira em torno do seu umbigo

Sabe aquele ser interessante, gata ou gato que eventualmente esbarra em você e diz: "bom dia!" com ar simpático? Pois é, não necessariamente está te dando mole. Acredite, você não é o centro do universo! Escrevo isso para apontar que mesmo em relações já estabelecidas, ainda que efêmeras, deve-se atentar para um código de educação, sim eu disse educação. Quando se está com alguém, é de bom tom se manter um bom tratamento, algo como demonstrar uma breve preocupação, não que seja verdade, enfim... O que se tem como resposta é a ação preventiva da parte oposta dizendo para se evitar apego. Na real, o interesse nem deve ser dessa natureza aguda do sentimentalismo barato, era só um modo de ser cortez e se manter o bom relacionamento. Afinal, não é porque se trata de uma efemeridade que é bagunça. Outro comportamento que é estranho é imaginar que todas as pessoas do mundo estão rendendo para você. Sua auto estima é vai bem, obrigado. Mas o que existe são pessoas com coisas a fazer, preocupações, pessoas interessantes ao redor, então, o que faz de você o ser de maior atração do mundo? Comumente, as características físicas e intelectuais não se coadunam, e as preferências são múltiplas acompanhando essas possibilidades. Esse excesso de criatividade pode ser de origem literária, sei lá... sei que existe e ajudam a espantar pares legais, interessantes e amistosos pelo simples egocentrismo.

domingo, 26 de abril de 2015

Meu Cabelo e a Opressão

Quando eu era menina, tinha um jeito tímido e vontade de me esconder do mundo porque me achava feia e, de fato eu era feia para os padrões de beleza. Era magricela, tinha as pernas finas e vivia descabelada. Naquela época não haviam muitos produtos para o meu tipo de cabelo e desde sempre ouvia de todo mundo que meu cabelo era ruim e que tinha que ser alisado. Aos 11 anos, minha mãe me levou ao salão de beleza para fazer um amaciamento e desde então, passei quase a vida toda com um cabelo quimicamente modificado. Até o ano passado eu não tinha ideia de como era o meu cabelo de verdade. Infelizmente, não tem nada de engraçado na violência subjetiva pela qual passei, pois de tanto ouvir que meu cabelo era feio, acabei acreditando nisso. Obviamente tive problemas com os processos químicos, resultado de anos de submissão, até que frente a possibilidade de ficar careca entendi.
Entendi que eu precisava me descobrir, me respeitar e, sobretudo, me aceitar. É um processo doloroso, beira a abstinência do vício de alisar meus cabelos e com força de vontade, hoje os meus cabelos cacheados são resultados de um exemplo de superação. Atualmente, quase trintando, estou adorando ter essa característica, tudo mudou! Não me incomoda mais não ter sido convidada para ser dama de honra nos casamentos em minha infância, cresci e percebi qual é a real condição do padrão de beleza.
Assim como eu, a minha filha e muitas outras meninas passam por essas situações constrangedoras que nos mostram como incomodam os cabelos crespos e cacheados.
Costumamos ouvir que para bons empregos é necessário ter cabelos lisos, para ficar bonita temos que diminuir o volume do nosso cabelo, que cabelo duro tem que amaciar, aff... enfim, são tantos os ataques velados que tenho preguiça de relatar.
Impressiona a impregação do valor negativo não só do cabelo, mas da cor, da condição. Sabemos o que é a assunção da negritude mas identificamos como as pessoas se incomodam ao apontar a mulher negra, se diz "moreninha" porque a apontada pode se ofender.
Para concluir, quero afirmar minha identidade, meu gênero e cor. Não quero e não pretendo abrir mão de minha posição política. Posso querer pintar, cortar e até alisar, mas que isso advenha de uma decisão consciente e não derive de uma opressão social que determina minha identidade.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Elogio ao Palavrão

*Texto proibido para pessoas sensíveis ou menores de 18 anos. Outro dia, eu me vi numa situação embaraçosa. Em meio à correria cotidiana, quase vocalizo um palavrão perto de um adolescente. Era em suma um palavrão sutil, daqueles delicados e que usualmente, as pessoas utilizam para demonstrar surpresa, indignação, tristeza, em outras palavras, um palavrão bem comum. Em seguida, após uma auto censura tomei a decisão de não mais falar palavrão. Infelizmente, percebi ai que era necessário uma reeducação do meu vocabulário. Então, conversando com o meu pai, homem perspicaz, inteligente e conciso, relatei a situação e minha tomada de decisão. A resposta foi ótima! “Minha filha como assim deixar de falar palavrão? Porque quando está foda, está foda e pronto! Não dá pra trocar o tá foda por outra palavra.” E assim, resolvi cultivar maior atenção ao que digo ao passo que continuarei cultivando os velhos hábitos...

domingo, 15 de março de 2015

Pensamentos loucos e soltos

Uma vez mais, mais uma vez vivo as experiências como um amalgamado de sensações. Há uns dias atrás estava preocupada com os desfechos de minha conta bancária e a temível inflação dos cosméticos. Sim, eu uso e não abro mão dos cosméticos! Antes disso, a preocupação se pautava nas indagações sobre um romance mal resolvido com um homem mega interessante, mas que não tem tempo para curtir o meu fazer nada. Fazer o quê? Agora, me pego pensando na impossibilidade de viver algo que queria ter vivido e que não posso mais devido a temida presença da morte. Foram várias situações com sentimentos e relações diferentes. Não deixou de ser amor o que estava sentindo, ou apenas um apego desmedido às pessoas, às coisas, às circunstâncias. Trata-se então de um castelo de areia? Talvez... ou não. Um alcance espiritual, oxalá! No fim não é importante. Em um determinado tempo, tudo pode mudar e não sinto mais o que sentia há duas semanas. E, o que estão implícitas nestas palavras mal escritas? Sei lá, reflexos dos meus pensamentos loucos, soltos e vãos. Num domingo ensolarado, com praia e pessoas interessantes ao redor, aquele calor acolhedor e ao anoitecer, a frialdade e indecência da nossa mortalidade. Como pode ser tudo a composição de um caleidoscópio que é o meu corpo, meus sentidos, meus sonhos? E agora, ouvindo uma música que diz:
"Seja como for eu vou e vou correndo e não quero perder nada. Custe o que custar eu dou, não tenho medo de rato nem barata. Meu bem, você para mim é privilégio! Sorte grande de uma vez na vida, minha chance de ter alegria. Não importa quando, como, onde, somos nosso próprio rei."
Apesar de não ter medo de rato nem barata, do que tenho medo é o desconhecido efeito da perda e do novo. E sim, cada momento contigo é uma festa para mim. Um dia vai acabar mesmo, vamos nos separar porque não há eternidade, há ternura fugaz. Queria eu, lembrar-me de que para não perder nenhum detalhe, é preciso atenção e dedicação quando podemos oferecer apenas descaso e desleixo em detrimento dos apegos múltiplos E, hoje uma mocinha especial estava fazendo a seguinte pergunta: “Para que gastamos tanto tempo trabalhando, construindo e fomentando coisas já que não sabemos que tipo de energia nos tornaremos depois? Alem do mais, tudo o que fica é perecível? Essa sagacidade assustadora aponta o quanto podemos estar equivocados com as nossas escolhas e prioridades.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Cicatriz

Quando comecei a escrever e postar aqui, estava sofrendo por amor. Inevitável a percepção, pois em cada linha estava estampada e a minha incoerência e autocritica pelo desejo de ser uma heroína ao invés de um espectro frágil. Algum tempo se passou, aliás muito tempo se passou... E, me peguei lembrando de uma conversa com uma mulher um pouco mais experiente, dessas que aparentam ser indestrutivelmente fortes. Essa mulher incrível relatou que sofreu por amor e usou a expressão "catei cavaco várias vezes", o interessante é que ela não parecia se incomodar com essas marcas. Eu sempre me incomodei com as minhas cicatrizes. Não há de fato, modo correto de comparar. São marcas indeléveis que compõem o que eu sou hoje, aliás, o que estou hoje (grande sacada da língua portuguesa). Quanto tempo eu demorei para entender que é necessário, que não há uma escolha sensata e que no final o que prevaleceu foram meus instintos, enquanto estava assustada e me escondendo atrás do meu orgulho. Não importa, passou... Não te vejo, não te escuto, não te sinto, não te percebo... restou somente uma marca entre tantas outras.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mentiras

Há de se usar uma leve mentirinha para a manutenção da ignorância alheia, há de se fazer uso da falácia para uma auto proteção das ações alheias. Uma ação tão corriqueira que aprendemos desde a infância a não lançar mão de um discurso falso sob pena de castigo. Obviamente, questões culturais contribuem para a nossa educação, porém a ética é quase um paradoxo, um contra senso!Aquilo que se espera que os outros façam, ao passo que frente a uma análise pessoal é possível que exista uma demagogia. Lateralizando a mentira, pode-se julgar que ao mentir, é possível um reposicionamento? Dizem que os inteligentes são os que mudam de ideias e se reposicionam uma vez que os argumentos aparentem uma virtude que leve a confiança. Nesta prerrogativa, o reposicionamento a favor da verdade pode ser entendido como virtude, ou trata-se apenas de um desmascaramento do falso. O pior da mentira é simplesmente insistir nela! Personalidades fortes e bem resolvidas conseguem lidar com essas questões dizendo a verdade. A verdade pode “doer”, sair da ignorância pode ser “doloroso” e discursos verdadeiros podem até causar impressões de pouca diplomacia, mas o que se prefere? Pessoas perdem oportunidades, a confianças de outros sem falar na credibilidade... Será que vale o risco? Imagino que vale o aprendizado para quem mente...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Um pouco de Alice

Eu acordei e me peguei pensando numa fala presente no livro da Alice no país das maravilhas “Você poderia me dizer, por favor, por qual caminho devo seguir agora? Perguntou ela. “Isso depende muito de aonde você quer ir.” Respondeu o gato. Lewis Carrol
Nesta prerrogativa, é exatamente assim que me sinto, perdida no caminho, perguntando qual a melhor direção. Penso que não preciso cair no buraco e de repente aparecer no país das maravilhas para experienciar um caleidoscópio de emoções.
No meu mundo real, tenho sonhos e desejos que não são tão fáceis de alcançar, ao mesmo tempo, ninguém me perguntou se eu queria sentir isso ou aquilo, se eu gostaria de jogar ou brincar de outra coisa. Como aconteceu com Alice, foi impelida e a se aventurar e o pior, é que gostou! Apaixonou-se pelo chapeleiro e não queria mais ir embora e mais uma vez sua vontade foi em vão. Saiu do país das maravilhas destemida e forte e resolveu se aventurar nos mares.
Meus medos são pertinentes e me fazem ponderar acerca de minhas escolhas, mas com certeza me aventurar foi e continuará sendo muito extasiante. Quem gosta dos momentos ruins? Mas o que não mata, fortalece. Imagino que nos sonhos ou no plano real quero mesmo parecer com a Alice que mesmo com medo derrotou a rainha má.